quinta-feira, 14 de abril de 2011

O Pé Diabético e as outras complicações crônicas da Diabetes




Esse é o terceiro e último de uma série de três post sobre Diabetes. Neste, como suspeitar. Os anteriores foram: "Diabetes I e II: Qual a diferença?" e "Diabetes Mellitus: Quando suspeitar".

É sempre válido ressaltar que as complicações graves geralmente irão ocorrer como resultado de um descuido crônico na glicemia. Impressionante os reflexos nos mais diversos órgãos. Destacam-se a retinopatia, nefropatia e a neuropatia. Neste post, uma seção especial sobre o pé diabético.

A Retinopatia Diabética é causada por alterações na microvasculatura da retina, causando desde pequenos sangramentos até a perda total da visão. O exame de "fundo de olho" realizado pelo Oftalmologista é capaz de detectar alterações primárias, possibilitando o tratamento em fase inicial e melhorando o prognóstico. Com relação aos tipos de Diabetes, os pacientes que são portadores da Tipo II devem iniciar um rastreio para essa patologia desde já, visto que a faixa etária é sempre mais avançanda e este pode ter sido um portador assintomático por tempo indeterminado.

A Nefropatia Diabética resulta de uma degeneração na rede de vasos renais e danos aos néfrons (unidades funcionais dos rins). O rim funciona como um filtro para diversas substâncias no sangue. Na diabetes, há uma perda funcional e anatômia, diminuindo essa capacidade de filtragem. Um dos primeiros sinais de alteração de função renal é a microalbuminúria. A Albumina é uma das principais proteínas no sangue e, portando, não deve ser jogada na urina. A presença de pequenas quantidades desta proteína indica que os rins já não conseguem cumprir adequadamente com seu papel. Assim como na retinopatia, pacientes com DM tipo II devem redobrar a atenção, pois os níveis de complicação são maiores e a satisfação terapêutica está abaixo do projetado. Uma co-morbidade que sempre está associada à diabetes e deve rigorosamente ser controlada é a Hipertensão Arterial, pois potencializa seus efeitos maléficos.

A Neuropatia, por sua vez, decorre de uma afecção aos vasa nervorum (vasos que nutrem os nervos) e uma desmielinização dos axônios dos nervos, diminuindo a conditibilidade do impulso nervoso. São afetados, basicamente, três tipos de vervos:
  • Sensitivos: formigamento, dormência ou queimação das pernas, pés e mãos. Dores locais e desequilíbrio;
  • Motores: estado de fraqueza e atrofia muscular;
  • Autonômicos: ocorrência de pele seca, traumatismo dos pêlos, pressão baixa, distúrbios digestivos, excesso de transpiração e impotência.

É um dos principais fatores que colaboram com o surgimento do Pé Diabético.


Os diabéticos devem ter uma atenção especial aos seus pés. Devido à fisiopatologia da doença em sua fase crônica, este já possui um déficit de vascularização nas extremidades, principalmente pés. Se aliado com a neuropatia, qualquer calosidade indolor pode tornar-se uma dor de cabeça. Uma calosidade é um espessamento da pele decorrente de muito atrito e compressão, ou seja, microlesões. Se essas ocorrem e não existe o sinal da dor para avisar de sua gravidade, elas só aumentam. Se não existe uma vascularização para nutrir aquelas lesões e fornecer suprimento para a renovação da pele, cria-se uma ferida crônica e porta de entrada para infecções. Mas nem só de calos vive o pé diabético. Qualquer lesão no pé, se não cuidada, pode desencadear um. Sapatos inadequados (apertados, desconfortáveis, que agridem os pés) são um dos fatores mais contribuintes para o surgimento do pé diabético.

Deve haver um hábito de inspeção diária nos pés. Este, principalmente para aqueles que sofrem de neuropatia. Essa vigilância é necessária porque, não raro, surge um calo em nossos pés, mesmo sem sentirmos dor, quando usamos sapatos. 

Os hábitos não devem se restringir apenas aos cuidados com os pés. Caminhadas regulares ou algum outro exercício físico aeróbico saudável reduzem a pressão arterial e os níveis de colesterol. Outro fator é o tabagismo. Aproximadamente 95% das amputações ocorrem em fumantes.

Caso ocorra a amputação, não será o fim do mundo. Lembre-se que este é um procedimento que visa prevenir complicações piores. Existem pesquisas que relatam uma melhora significativa na qualidade de vida pós amputação.

2 comentários:

house disse...

Ola Raymundo, pelo jeito vc é fan do House igual eu, seus artigos sao excelentes, pois já cansei de ver artigos sem originalidade, plagiado ou apenas + 1 puxa saco dos portais. Espero escrever +, mas conteudo como seu, pouca gente vai ler e saber, pois a verdade é assim, ja as mentiras bem inventadas, povo engole tudo! Um artigo desse sobre diabete, se povo lesse talvez maioria nao se mata tanto no açucar, ou não ne! Tem gente prefere morrer do que admitir proprio erro! Parabens pelo excelente trabalho, pelo menos, garanto que serei um leitor assiduo. Abço e fica com Deus.

Ray disse...

Obrigado amigo.
Sou fã do house sim, acho que o sarcasmo dele é o grande ponto cômico do seriado. Sem falar na contribuição médica pra quem souber filtrar os episódios. Aprecio bastante seu comentário e espero que eu possa sempre contribuir com um conteúdo à altura de meus leitores.
Abraços

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